terça-feira, 18 de outubro de 2011

6ª Etapa - Olveiroa a Finisterra (Múxia)

Boas companheiros!

Eram 06h30 quando o despertador do Filipe berrou e acordou o pessoal todo. Só de pensar que seria a última etapa e talvez a mais longa e dura, devido aos acumulados de subidas e principalmente do cansaço, era um alivio só de pensar que no final do dia já teríamos terminado algo que tinha sido projectado em meados de Abril do ano passado. 

(A vontade de querer fazer estes trilhos era muita, mas quem é quem me ia acompanhar nesta aventura? A única pessoa que partilhava a mesma vontade era a Diana, mas o desejo dela era sair de Santiago até Finisterra, mas eu queria fazê-lo do Porto. Seriam mais de 200 quilómetros e seria o suficiente para obter a Compostelana de bicicleta. Mas ao receber esta última Compostelana fiquei um pouco desiludido, porque é basicamente igual à que tenho em casa, a única diferença é que muda a data. Na minha opinião devia haver Compostelanas diferentes, deviam mencionar de onde se começava e o seu meio de locomoção e mantinham a sua originalidade de séculos.)

Voltando ao caminho, o material estava pronto e só nos faltava vestir e comer algo. Pela primeira vez em todo o caminho, não tivemos de sair para tomar o pequeno-almoço, tínhamos-nos adiantado no dia anterior.
Ao sair do estábulo, senti aquele cheirinho tão desagradável  a estrume de vaca, é do piorio. Fomos ao albergue alternativo beber um cafezinho, era dos poucos locais que àquela hora estava aberto. Despedidas e desejar um bom caminho aos demais caminheiros presentes e prontos para mais uma etapa, talvez a ultima como nós, ou não.
Partimos em direcção às setas, mas havia um pequeno problema é que só o Beto tinha luz à frente e então tivemos de nos colar a uns "camones" que já tinham iniciado o caminho. Não sei porquê mas eles sentiram que nós os estávamos a "seguir" e logo nos despacharam para a frente. Andámos um pouco às apalpadelas mas logo nos habituamos à escuridão e com um pouco de ajuda do luar conseguimos ver as setas.
Àquela hora sentia-se um pouco de frio, mas nada como aquecer com uma subida às ventoinhas eólicas. Na descida não conseguimos usufruir como deve de ser devido à falta de luz, mas, vá lá, ninguém caiu.
Parámos um pouco para a foto numa pequena ponte e continuamos o caminho. Passado uns minutos chegámos ao famoso Marco duplo. Duplo porquê? Porque tem duas direcções, se se for pela esquerda, vai-se para Finisterra por Cee  e se se virar à direita, vai-se para Múxia. Foi o que fizemos, optámos pela direita. Agora sim, o caminho ganhou um pouco mais de interesse para mim (digo isto porque já conhecia o caminho desde Valença do Minho até este ponto de viragem).

Apanhámos trilhos para diversos gostos; com areia, saibro e imensa gravilha. Tanto andámos por estrada como por trilhos. Subimos, descemos e, no final, chegámos a uma placa que nos dava a boa notícia de estarmos perto do primeiro objectivo, Múxia.
Nada melhor que uma boa descida e finalmente a primeira visão que temos ao sair do mato, Múxia. Alivio de termos chegado e mais uma sessão fotográfica aos nossos modelos, para não variar as nossas bikes, que nos acompanharam estes quilómetros todos.
Fomos à procura do albergue do peregrino para recebermos a tão desejada Muxiana, mas, ao chegar ao albergue, deparámos-nos com uma péssima surpresa: estava fechado e só abria às 13h30 e, como ainda eram 11h20, ligámos aos números afixados na entrada. Contactamos com os responsáveis do albergue e disseram-nos que a única alternativa era esperar. Bem, ficar duas horas à espera não fazia parte dos planos e decidimos ir para Finisterra, talvez com alguma sorte ainda consigamos a Muxiana.

Digo-vos uma coisa, o caminho em termos de sinalética estava um pouco confuso ao inicio, existem os marcos com a vieira amarela, mas estas apontam para o chão. É que este caminho faz-se nas duas direcções, Múxia-Finisterra e vice-versa, e o que nos safou foram as setas amarelas, caso contrário tínhamos de nos auxiliar do GPS, mas foram poucas as ocasiões, felizmente.
Numa das diversas paragens efectuadas, o Beto pediu a uma senhora se podia dar-nos alguma água e perguntámos se estaríamos longe de Finisterra e ela respondeu que estávamos em Lires a meio do caminho.
Ao atravessar Lires, a paisagem nem vos digo nada, era de cortar a respiração, junto à estrada reparamos numa praia que nos fez lembrar aquelas praias paradisíacas.

Esta última etapa deve ter sido a mais longa. Finalmente Finisterra, nem sequer parámos para descansar, tínhamos o tempo quase todo cronometrado e fomos de imediato ao Albergue Municipal buscar a Finisterrana. Houve logo uma serie de perguntas em relação ao regresso a Santiago.
O nosso objectivo já tinha sido alcançado, mas ainda faltava ir ao Farol e à Bota de Bronze, situados na costa da morte e foi o que fizemos. Já se notava o cansaço e custava imenso subir, apesar de ser a última. Custou mas valeu o esforço, ao chegar fomos imediatamente ao marco do Quilómetro Zero. Fomos todos juntos para o local onde se encontra a Bota e apreciámos a paisagem espectacular e finalmente a foto de família. Durante estes dias, estes três companheiros do pedal foram meus irmãos de viagem, sem esquecer a Diana. Partilhámos dor e muito cansaço, aturamo-nos sem haver uma única discussão e bons momentos de distracção.

Ao regressar ainda tivemos tempo de tirar mais umas fotos junto à estátua do Peregrino. Ao ir embora, nem o vento nos deixou desfrutar da última descida, era tanto que nem sequer nos atrevíamos de pedalar. Mal que chegamos à Vila, fixámo-nos na paragem e esperámos impacientes pelo autocarro que nos levaria de volta a Santiago. Foram três horas para fazer mais ou menos cem quilómetros, mas deu para descansar.

Para ver as Fotos, clique em - Olveiroa a Finisterra (Múxia)

(Continua)

Sem comentários:

Enviar um comentário

PESQUISA